sábado, 12 de fevereiro de 2011

Jimmy Bolha

Eu tive um professor de cursinho que dizia a seguinte frase: "Tem época de vacas magras em que a gente não é aprovado nem em exame de fezes..." Mau gosto e humor duvidoso à parte, não pude deixar de lembrar disso hoje, e vou explicar o porquê...

É que depois de passar a quarta-feira de cama, espirrando que nem um condenado, com a cabeça pesada (e nem era a minha consciência... juro!), numa crise de rinite, decidi que era hora de procurar um médico. Você sabe como é, homem só vai ao médico quando a parada é grave! Então reuni forças e parti para a Clinicor, conversar com a Dra. Maria Aparecida Ribeiro de Matos, alergista (ou alergologista???).

Essa médica é excelente! Chegou na hora, atendia rápido e super bem. Fui chamado e, depois de 2 minutos de papo, quis examinar minha nareba. Para isso, ela usou uma lanterna e reuniu uma equipe de espeleólogos... Ao retornarem da minha cavidade nasal, a dra. olhou pra mim com uma carinha de dó e disse: "Hmmm". Encostou aquele estetoscópio gelaaaado e auscultou meus pulmões. Sentia cada alvéolo reclamando quando ela insistia para que eu respirasse bem fundo. Mas isso não foi o pior. O pior ainda estava por vir...

Voltei para a cadeira. Sorridente e no piloto-automático, típico de quem faz isso o tempo todo, a médica marcou meu antebraço com uma caneta e foi pingando uma gotinha de cada frasco que estava sobre a mesa. Elogiou meu manto lipídico (obrigado, Protex!!!) e, enquanto eu conversava animado, ela simplesmente foi furando a minha pele com uma agulha... Minha curiosidade costumeira me impulsionou, e ela disse, bem tranquila, que era para os agentes alergênicos penetrarem na epiderme... Cara, isso não podia ser boa coisa!

Ela mandou eu voltar para a sala de espera. O sorrisinho dela não estava mais condescendente. Reparei aquele brilho meio sádico no olhar, que todos os médicos tentam esconder mas que o Dr. House insiste em escancarar... Sentei. Fui tuitar, já que eu tinha esquecido minha revista em casa.


Primeiro, senti apenas um leve formigamento. Um minuto depois, uma coceira diabólica. Depois, uma queimação que me fez ter vontade de arrancar o braço. Claro que eu aguentei firme. Havia crianças na sala de espera. Eu tinha que dar o exemplo. Dez minutos de espera, com o meu braço pipocando, parecendo ter vida própria, sendo desfigurado por umas "empolações" esquisitíssimas. Não sentia dor. Mas confesso que fiquei em dúvida se aqueles tais "agentes" não tinham entrado na minha corrente sanguinea...

A médica me chamou, e abriu a porta para mim, simpática. O curioso foi olhar para a reação dela quando viu meu braço! Ela virou pra mim e disse: "Você é alérgico à tudo!" E foi aí que a frase desagradável do meu professor de cursinho veio à memória. Não passei no teste de alergia... e aqui vai a lista:

- Ácaros de todas as espécies.
- Germes.
- Pelos de animais.
- Penas (de animais, também!).
- Baratas (tanto a germânica quanto a americana, frise-se).
- E uma pá de outras coisas das quais eu não me lembro agora.


Desfiou uma série de recomendações. Quase me proibiu de eu mesmo fazer a limpeza da minha casa (o quê!?!)... tenho que comprar máscara, capas antialérgicas para os colchões e travesseiros, me livrar dos tapetes, providenciar limpeza 2 vezes por semana, lavar roupa de cama com água quente (!!!), desligar o ar-condicionado antes de dormir... E mais: raio-x da fuça pra confirmar sinusite e vacina todo mês (detalhe: R$ 50 sem cobertura do plano de saúde). É por essas e outras que eu não curto muito ir ao médico! Agora tenho receita para um spray nasal (coisinha potencialmente viciante).



E no fim das contas, pensei no Jimmy Bolha, e dei total razão para o Howard Hughes (O Aviador). Finalmente, algumas de minhas manias favoritas agora têm receita médica!